23 de setembro de 2011

. Carpe diem quam minimum credula postero .

Quantos passos você caminha por dia?
O que encontra enquanto vai?
Calçadas tortas, cimento, vitrines, capital.
Nosso caminho não é ideia, é material.
Nossa arquitetura deveria dizer mais do que representa.
Nossos jardins poderiam ser expressões em natureza.
Nossas casas deveriam trazer o colorido da alma e não as cores da moda.
Somos estimulados o tempo todo a possuir, não a pensar.
Carpe Diem.
Carpe Diem.
Carpe Diem.
Quam minimum credula postero.
Ora, nosso presente é o caminhar.
O futuro é o lugar onde chegamos.
Então façamos do caminho um passo diferente.
Façamos de cada passo um espaço de imaginação.

Isso é lixo-capital:

Isso é pensamento
[porque aqui existe alma]



P.S: Estou torcendo para que não chova no fim de semana. Vou começar a cultivar o meu jardim.

2 de agosto de 2011

. petit ballet da solidão .

Todas as noites, sonhos e mentiras vêm nos visitar. Como se fossem truques realizados na magia da escuridão. E toda noite ouço ruídos. Trovoada - a batida de um anúncio perfeito. Não tardou para que gotas d'água ensaiassem um tango qualquer no meu telhado e se parecessem com passos no assoalho. Folhas dançavam lá fora o petit ballet dos ventos e, por vezes, soavam como o arrastar de um violão pelo tapete. A trilha sonora que acompanhava meus devaneios era perfeita; cogitei o fato de que alguém estivesse ali na sala, escolhendo a dedo os vinis que levaria para uma viagem sem volta. Acordei tarde, sem meus melhores discos. Na parede vermelha, uma despedida em giz: 'Pensei em te acordar, mas te vi de olhos fechados e sorriso no rosto, então escolhi te deixar sonhando'. É sempre pior quando levam coisas-nossas e nos deixam os sonhos.

28 de junho de 2011

. aos 29 .

Fotos de festas de aniversário me encantam.
Encantam porque vejo amigos que se repetem de ano em ano.
Encantam porque guardamos espaços para aqueles que se ausentaram só pela distância.
Encantam porque sempre vejo novos rostos em sinal de renovação.
Neste ano, várias faces se repetiram, algumas renovaram minha casa, e poucos foram os amigos que deixaram de mandar boas vibrações mesmo de longe. E o resultado? Está aí, uma festa deliciosa:


Agradeço a todos por tornarem minha vida mais alegre, mais dinâmica, mais leve, mais surpreendente todos os dias. Agradeço especialmente aqueles que fizeram parte não apenas deste momento, mas de vários outros e que reconhecem nossa amizade como algo muito especial. Aqueles que aparecem aqui:



E aos novos amigos, sejam todos bem-vindos e que ano que vem possamos comemorar [juntos] com ainda mais sabor os novos números que se aproximam.

20 de junho de 2011

. Piauí_57 - Sobre a Morte .

Bechara, 83 anos, professor de Língua Portuguesa e membro da ABL]:
"É como acontece na gramática, um verbo que só pedia objeto direto agora pede objeto indireto. Era transitivo, passou a intransitivo. É você saber receber a vida como ela é e não arquitetar uma vida diferente da realidade. Isso sim causa sofrimento. A morte é uma coisa natural na vida".


Manoel de Oliveira, 102 anos, diretor português:
"A morte é uma porta. Do lado materialista, não existe dúvida: a porta dá para o cemitério. Mas, do lado espiritual, há sempre a dúvida: para onde dá a porta? Existe um além ou não?".


Alguém tem dúvida de que o fazer organiza o indivíduo [as vezes mais que o sonho]?

25 de maio de 2011

Uma resposta

Sobre a Coluna Conheça seus Direitos – Jornal Frederiquense, publicada em 25 de maio de 2011.


Caro colunista,

Acredito que já tenha sido infeliz na própria escolha do título de seu texto, afinal você questiona a necessidade de profissionais de Jornalismo e de Relações Públicas sem dissertar sobre suas funções e trabalhar esta necessidade no decorrer de seu discurso. Isso me soa como falta de prudência, atitude que tanto critica. Se você sofreu críticas como profissional e estudante de Direito, acredito que não queira cometer os mesmos erros, recaindo sobre afirmações preconceituosas e generalistas. Você diz “confesso que alguns estudantes e profissionais da área jurídica ainda se portam assim (como arrogantes, egoístas, prepotentes, etc), porém, não podemos generalizar a classe”. Da mesma forma, critico-o pela generalização com que trata a “classe” dos estudantes de comunicação.
Ora, você afirma que tem observado que os adjetivos citados acima estão se encaixando mais com estudantes dos cursos de Jornalismo e de Relações Públicas. Acredito não haver maior generalização que esta afirmação. Para isso, utiliza-se de termos imprecisos como “seguidamente”, “várias pessoas”, “muitos casos”, “ouvi vários comentários”. Nós, profissionais da comunicação sabemos que falta de precisão em quantificações pode caracterizar, por vezes, imprecisão no próprio conteúdo e leva a generalizações. Enfim, está sim recaindo sobre os mesmos erros que condena.
Se tem visto declarações irresponsáveis ou falta de conhecimento específico no emprego de termos usados, parece-me que cabe também a você, em sua “consciência cívica”, buscar corrigi-los e, como profissional do Direito, utilizar-se das leis que regem nosso país para reclamar providências legais para as pessoas que se sentirem lesadas. Aliás, fica a dica para que, em sua coluna intitulada “Conheça seus Direitos”, trate justamente de direitos de imagem, liberdade de expressão e outras questões legais concernentes à comunicação social.
Não posso afirmar que não temos alunos “desagradáveis”, até porque para mim ser agradável ou não a alguém é questão que concerne ao gosto e não a objetividades. Mas posso afirmar que “fama” é coisa construída e, assim como a “fama” de profissionais e estudantes de Direito é uma construção social preconceituosa e generalista, seu texto contribui para a construção de igual “fama” aos nossos alunos.
Conceito de verdade, meu caro, é questão filosófica. O profissional de Jornalismo busca informar, a priori, de maneira mais imparcial possível, mas não temos a pretensão de verdade. E se estudantes de Relações Públicas e Jornalismo são críticos frente a situações que se referem a sua atuação profissional, fazem seu papel como pensadores da sociedade, atividade estimulada pela academia. Se falassem sem crítica, se apenas elogiassem todas as ações, ou repetissem-nas, aí sim teríamos que rever o papel da universidade (que seria tecnicista e não reflexiva).
Enquanto analista de discurso devo salientar que o uso de expressões como “se você se sentir ofendido é porque o chapéu serviu” nada mais é do que uma estratégia de intimidação à expressão e à resposta. Pois bem, estou fazendo minha parte, respondendo a sua crítica e dizendo que não podemos generalizar a atuação de nossos alunos por atitudes particulares e que dizem respeito a certas personalidades. Arrogância não se adquire na faculdade, tenho certeza disso, independente do curso que o acadêmico frequenta.
Posso garantir que a qualidade da comunicação social regional tem crescido consideravelmente com a atuação de nossos egressos e de nossos acadêmicos. Portanto, os profissionais de Jornalismo e de Relações Públicas são sim necessários à sociedade – questão que não se deve colocar em xeque. Por fim, deixo aqui minha admiração e meu respeito a todos os acadêmicos que cursam uma graduação construindo seu caminho no próprio caminhar.

Coluna Conheça seus Direitos

Uma crítica:

8 de maio de 2011

da minha oração



Jovens de 15 anos: meu filho em 2015.
Tenho 4 anos para fazer valer alguns desejos:

- que ele continue ouvindo o que gosta e não o que preenche a playlist dos outros;
- que ele seja inventivo no que veste, e não o faça pensando nos uniformes desfilados em boates da moda;
- que ele nunca julgue o diferente como anormal e respeite toda a diversidade;
- que cada rock do seu violão continue inquietando a alma, e que não desista de experimentar sempre um outro instrumento.
- que idéias loucas façam parte da sua vida e que ele permaneça saudável para colocá-las em prática;
- que ele não caiba em um rótulo;
- que ele encontre algum caminho de espiritualidade;
- que ele cultive toda a forma de amor;
- que leia livros [impressos ou digitais], mas que saiba valorizar também as histórias cotidianas, rotineiras, de familiares e amigos;
- que ele não agrade a todos e se, por isso, produzir desafetos, que pense na dor e no amor que cada um deles traz consigo e respeite-os;
- Enfim, desejo que meu filho seja um jovem feliz, de um jeito único, só dele.

E FELIZ DIA DAS MÃES PARA QUEM DESEJA [QUASE] A MESMA COISA PARA OS SEUS!

28 de fevereiro de 2011

Magical Mystery Tour 2011


Tenho saudades das minhas meninas e de quem fomos no último mês. Tenho saudades das diferenças que comecei a respeitar, das qualidades que aprendi a admirar e dos [pequenos] defeitinhos que já sei ignorar. Tenho saudades dos caminhos que percorri e das paisagens estranhas que amei. Queria ir pra Diceys amanhã e tomar várias pints de Guinness. Depois acordar de ressaca, sentar à mesa e comer o bacalhau português. Queria revisitar Londres e dar um pulo em Camden Town, entrar em todos os pubs da Mathew St, e fechar o Cavern ao som de Something. Queria degustar mais devagar a arte de Florença e a história de Roma. Queria fechar os olhos e abri-los sob as luzes noturnas de Amsterdam, queria sentir de novo a embriaguez daquelas ruas. Queria entardecer em algum parque de Barcelona, tomando o suco do mercado público. Depois, viver o encanto noturno dos namorados de Veneza e dormir sob a chuva tranquila de Pisa. Queria sentar no sofá da Egali e trocar uma ideia sarcástica com o Postal, falar do rock santamariense com a Gabe ou da cultura nordestina com o André. Queria ver a Milena entrando faceira na sala e dizendo que tem janta no Dario, e que é o Mexicano quem vai cozinhar. Queria tomar um vinho com a galera e pagar os dramins que a Dani me emprestou. Quem sabe conseguiria assistir o Miltinho dando um show de dança, ao som de The Time [tudo bem, pra ver isso eu toparia até Katy Perry]. Então eu voltaria pra 'casa' de madrugada, a pé, curtindo o frio e a solidão das ruas de Dublin [porque eu sinto tanta saudade que me arrependo dos taxis que peguei e dos caminhos que encurtei]. Queria estar cedo no Tesco, para comprar os ingredientes do almoço e, claro, adoraria passar na Penneys e na livraria pra mais umas comprinhas. Enfim, eu sinto saudades de tudo isso e queria muito que os universos de lá e daqui não fossem tão separados. Mas se sinto esta vontade louca de viver tudo de novo é porque cada paisagem, cada momento, cada pessoa, cada riso [e mesmo o choro com a italiana da Air France no aeroporto de Dublin] valeram MUITO a pena. Então obrigada de coração a todos vocês que dividiram comigo a maior sucessão de momentos felizes da minha vida [and I swear, this is true, and I owe it all to you].